segunda-feira, 24 de abril de 2023

DESISTÊNCIAS!


Desisti. Não, não foi dos sonhos. Também não foi da busca, da determinação, da vontade de seguir sempre.
Desisti das esperas inúteis. De acreditar em promessas feitas no rompante da emoção. De permitir acelerar o coração por vultos de contradição.
Desisti sim das memórias doloridas, afirmando belas mentiras que o presente negou. Dos apegos exagerados que confundem a alma.
Da mesma noitada. Do mesmo drink. Mesma mesa. Mesmo porre. Mesmo dilema. Mesma calçada. Mesma lamúria. Mesma ressaca.
Dos afetos ensaiados. De ser protagonista sem par.
Da tempestade da chegada que acomodada, vira chuva fina que não refresca o calor.
Desisti foi da intelectualidade confusa que não traduz o essencial.
Desisti foi da noite sem café, sem conversas, sem gole, sem gargalhadas, sem apetites afetivos, sem gorjetas amorosas.
Desisti foi da polidez das palavras, que deixou a verdade escondida.
Desisti da frouxa decisão.
Desisti de ouvir as afirmações orgulhosas de quem acha que tudo sabe.
Desisti foi de não encarar o que sentenciava minhas intuições.
Desisti da teimosia pelo caminho mais curto e também mais perigoso.
Desisti de acalentar as fantasias, que, se regadas, cresce e toma o lugar da sobriedade. De enlouquecer os sentidos, tentando decifrar os repetidos silêncios de quem tem muito a falar.
Desisti de tentar entender a insistência da saudade, a fragilidade do coração que iludido, se expande, dilata, quebra e aos cacos se refaz para tempos depois repetir o mesmo trajeto.
Desisti sim, mas foi da covardia que cisma em trazer o enganoso conforto para justificar a incapacidade de enfrentar, recomeçar, experimentar, mudar, resistir.
Não desisti de lamber o dedo e virar a página para viver a vida.


Referencia da pesquisa: Hairton Santiago



quinta-feira, 13 de abril de 2023

MINHA ALMA ESTÁ EM BRISA

Este poema bonito é para aqueles que têm 60 anos ou mais, mas hoje é um luxo para todos.

Leia com calma, você vai gostar disso.
MINHA ALMA ESTÁ EM BRISA
Mário de Andrade- quadro de Tarsila do Amaral.

Contei meus anos e descobri que tenho menos tempo para viver a partir daqui, do que o que eu vivi até agora.
Eu me sinto como aquela criança que ganhou um pacote de doces; O primeiro comeu com prazer, mas quando percebeu que havia poucos, começou a saboreá-los profundamente.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis ​​em que são discutidos estatutos, regras, procedimentos e regulamentos internos, sabendo que nada será alcançado.´
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Não tenho mais tempo para apoiar pessoas absurdas que, apesar da idade cronológica, não cresceram.
Meu tempo é muito curto para discutir títulos. Eu quero a essência, minha alma está com pressa ... Sem muitos *doces no pacote ...
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Quero viver ao lado de pessoas humanas, muito humanas. Que sabem rir dos seus erros. Que não ficam inchadas, com seus triunfos. Que não se consideram eleitos antes do tempo. Que não ficam longe de suas responsabilidades. Que defendem a dignidade humana. E querem andar do lado da verdade e da honestidade.
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O essencial é o que faz a vida valer a pena.
Quero cercar-me de pessoas que sabem tocar os corações das pessoas ...
Pessoas a quem os golpes da vida, ensinaram a crescer com toques suaves na alma
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Sim ... Estou com pressa ... *Estou com pressa para viver com a intensidade que só a maturidade pode dar.
Eu pretendo não desperdiçar nenhum dos doces que eu tenha ou ganhe... Tenho certeza de que eles serão mais requintados do que os que comi até agora.
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Meu objetivo é chegar ao fim satisfeito e em paz com meus entes queridos e com a minha consciência.
Nós temos duas vidas e a segunda começa quando você percebe que você só tem uma...

Envie para todos os seus amigos mais de 40, 50 anos ou mais.
Mário de Andrade
(Proibido guardá-lo só para si)

domingo, 19 de fevereiro de 2023

Vitória Bueno Boche é destaque no cenário artístico internacional, desta vez, nos EUA

 



Embaixadora Honorífica do Turismo de Santa Rita do Sapucaí, a bailarina, Vitória Bueno Boche é destaque no cenário artístico internacional, desta vez, nos EUA 🇺🇸🩰🎉

Vitória foi destaque e impressionou a todos no America’s Got Talent.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

ESTRATÉGIAS P/ MELHORAR SUAS PINTURAS | Analisando a arte de JIMENA RENO

 

Alessandro Aued
No vídeo de hoje vou compartilhar algumas estratégias para você aprender a estudar uma pintura. Para isso, vamos analisar algumas as obras de arte da artista espanhola Jimena Reno, suas técnicas, paletas e artistas que a inspiraram.

CONHEÇA O TRABALHO DA JIMENA RENO
https://www.youtube.com/@jimena_reno/featured

Artistas mencionados no vídeo: Jenny Saville John Singer Sargent Abraços e até o próximo vídeo. Para conhecer um pouco mais do meus trabalhos, basta acessar:
Site: Instagram: @alessandroaued

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

DIPLOMAS E SABEDORIA


Fiz esse comentário no perfil de um amigo no Facebook e gostei:
"Verdade amigo, concordei com o amigo: Diplomas não dá sabedoria a ninguém. Conheço doutores que conhecem apenas sua técnica e não tem nenhum visão social e de humanidade.
Meu pai era semianalfabeto, fazia seus cálculos riscando na terra, mas conhecia seu oficio de agricultor como ninguém.

Foi um excelente produtor de café num sitio onde todos lhe diziam que a terra era fraca e nada ali poderia ser produzido.

Conhecia as funções do meio ambiente e natureza, pois mantinha uma faixa de floresta no seu pequeno sítio e quando nós cavalgávamos entre essas árvores sempre dizia que aquelas árvores era para produzir água, eu não o compreendia nos meus 07 ou 08 anos o que ele queria dizer com aquilo: - produzir água?
Hoje entendo o porquê:
Ali perto nascia as minas de água que abastecia um riacho que fornecia á água que nós necessitávamos.
Lamentável, Deus o tirou de nós quando ele tinha apenas 46 anos de idade, nos deixando ainda crianças, mas com belas recordações do homem que ele foi, mesmo por pouco tempo entre nós.
Até hoje, 57 anos depois, meus olhos lagrimejam ao visitar seu túmulo."



quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

O OLHAR E O DESTINO

A escolha está na moda. Dizem que a escolha é importante, que a escolha é uma coisa séria, difícil, complicada...

A primeira escolha é a da direção do olhar e de sua permanência nas coisas, pessoas, objetos. Posso olhar para um lado ou para outro, ver um objeto deste ou daquele ângulo, numa cena complexa posso preferir ver esta pessoa e não aquela, o mendigo e não a mansão, a mulher que me fascinou ou o chão de cimento, o preço das coisas nas vitrines ou o azul do céu.

É sempre muito importante o lado para o qual olhamos, o ângulo – e o fundo – sob o qual vemos este ou aquele objeto – o objeto que escolhemos ver. Toda escolha começa pelos olhos.

Tão fácil mover os olhos! Tão inesperadas as consequências deste ato tão fácil.
Posso, de repente, encontrar-me com meu destino!
Já imaginaram que coisa mais perigosa é olhar?

E o falar?
O falar é um pouco mais lento e sua estrutura inerentemente mais complicada do que a do olhar. Pouco fazemos em matéria de aprender a ver (mesmo quando para ver mal seja preciso um aprendizado longo); falar é aprendido mais tarde e antes de falarmos “bem” – como se espera e se exige de nós – demoramos bastante. Para encontrarmos, enfim, nossa linguagem, demoramos muito e muito – quando a encontramos.

Com toda a certeza a maioria das coisas que dizemos resumem-se a frases feitas sobre assuntos feitos. Sobre muitos outros assuntos nada sabemos ou nada conseguimos dizer; sobre assuntos familiares dificilmente inventamos algo novo para dizer ou uma forma nova de dizer coisas velhas. Talvez por isso as pessoas gostem tanto de ouvir ou saber de “novidades”. 
A notícia é um grande negócio. Impossibilitados ou incapacitados de se renovarem na visão ou na verbalização das coisas, buscam todos, quase aflitivamente, a renovação de si mesmos nas novidades. 

Ou na moda!
É preciso mostrar.
É preciso dizer.

Tolice pedir às pessoas que vejam ou digam elas mesmas. Irão repetir-se mil vezes. Estão presas. 
À roda – diz o hindu. Mesmo quando lhes acontece algo de novo, mesmo que o novo as toque direto e fundo, mesmo então e mesmo assim elas apenas repetem. Em público e em particular. Na roda social, na roda de amigos. Para si mesmas. Se não surgirem novas formas de dizer e novas direções para as quais olhar, então nada de novo acontece. Acontece apenas o eterno envelhecer do novo.



domingo, 25 de dezembro de 2022

SIMONE ☆ ENTÃO É NATAL ☆ SHOW DA ÁRVORE DE NATAL DA BRADESCO SEGUROS

 

Simone

Em 05 de dezembro de 2009, Simone participou do "Concerto de Inauguração da Árvore de Natal da Bradesco Seguros", na Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro. No roteiro, "Então é Natal" (Happy Xmas/War Is Over).

"Então é Natal, E o que você fez? O ano termina, E nasce outra vez . Então é Natal, A festa Cristã Do velho e do novo, do amor como um todo . Então bom Natal, E um Ano Novo também Que seja feliz quem, Souber o que é o bem . E Então é Natal, Pro enfermo e pro são Pro rico e pro pobre, Num só coração Então bom Natal, pro branco e pro negro Amarelo e vermelho, pra paz afinal . Então bom Natal, e um Ano Novo também Que seja feliz quem, Souber o que é o bem . Hare rama, a quem ama Hare rama, já . Hiroshima… Nagasaki… Mururoa…" Música de John Lennon, Yoko Ono e versão de Claudio Rabello


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terça-feira, 13 de dezembro de 2022

Strauss ~ The Blue Danube Waltz

 


Classical music : Johann Strauss II - The Blue Danube Waltz op. 314 - With paintings slideshow background

The Blue Danube is the common English title of An der schönen blauen Donau, Op. 314 (German for "By the Beautiful Blue Danube"), a waltz by the Austrian composer Johann Strauss II, composed in 1866. 

Music come from the YouTube Audio Library 

Turn on subtitles/cc to have more information about the paintings and artists. Then you can search Google or Wikimedia to find them. 

Thank you for watching! Have a great day! :)


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segunda-feira, 28 de novembro de 2022

Comunismo na Igreja! Por que debatem tanto isso? Existe mesmo excomunhão automática a quem se declare comunista?

Por Hermes Fernandes

Somos bombardeados a todo instante sobre a presença ou ausência de discurso comunista dentro da Igreja. Alguns destes debates sequer tem como tema o pensamento filosófico ou é acerca de Ciências Políticas. Fato é que, quando um pregador exorta o Povo de Deus a uma Igreja mais comprometida com os pobres, já vem aquela ofensiva afirmação de que isso é pensamento comunista. Digo ofensiva não por ser “comunista” uma alcunha vergonhosa. Ao contrário, grande parte das pessoas, ao menos, sabem o que vem a ser pensamento marxista, sistema de governo socialista, comunismo. Ouvem e repetem. Sem conhecer. São os que compram brigas meio que “pegando o bonde andando” e, na maioria das vezes, a queda é certa.

Afinal, comunismo, socialismo ou marxismo são conceitos incompatíveis com a ideia de ser cristão? Existe excomunhão automática a quem se declare comunista? Vamos ponto ao ponto.

Marx e Engels
Karl Marx foi um filósofo que nasceu em 05 de maio de 1818, na Prússia – um reino alemão de 1701 a 1918.

A obra de Marx em economia estabeleceu a base para muito do entendimento atual sobre o trabalho e sua relação com o capital, além do pensamento econômico posterior. Publicou vários livros durante sua vida, sendo O Manifesto Comunista (1848) e O Capital (1867–1894) os mais proeminentes.

Em 1843, mudou-se para Paris, onde começou a escrever para jornais radicais e conheceu Friedrich Engels, que se tornaria seu amigo de longa data e colaborador. Desta relação e parceria nasceu muito do conceito que depois será chamado de marxismo e socialismo. A preocupação destes dois pensadores se centrava na questão da economia, sociologia e fenomenologia histórica. Em nenhum momento se dedicaram ao pensamento religioso. Sequer se ocupavam destas questões. Uma das poucas palavras de Marx sobre a religião foi a que afirma ser esta o “ópio do povo”. Algo que escandalizou muitos religiosos. Certo! Parece estranha e até mesmo desdenhosa quando vista fora de contexto. Entretanto, Marx se referia ao fato de não se buscar superação diante de problemas por acreditar que o estado de sofrimento seja a vontade de Deus. Também cabe aqui considerar o fato de se usar da religião para marginalizar e manter seus seguidores sob controle, dando ao conceito de Vida Eterna uma esperança vazia, com a qual, não se buscava uma vida plena nesta existência. Marx critica o fatalismo, o fundamentalismo religioso e a alienação. De forma alguma, a religião em si.

Socialismo, Comunismo e Governos Totalitários

Inspirados nas obras filosóficas de Marx e Engels, muitos países tiveram e ainda hoje têm governos chamados comunistas ou socialistas. Entre os mais celebrados na história, temos a Rússia, antiga União Soviética, Cuba, China, outros. Tomemos como norte de reflexão a Rússia, isto é, a União Soviética.

União Soviética (em russo: Советский Союз, transliterado como Sovetskiy Soyuz), foi um Estado socialista localizado na Eurásia que existiu entre 1922 e 1991. Uma união de várias repúblicas soviéticas subnacionais. A URSS era­­­­­­­­­­­­­­­ governada por um regime unipartidário, altamente centralizado, comandado pelo Partido Comunista e tinha como sua capital a cidade de Moscou. Existiu durante grande parte do século XX. Foi a maior nação do planeta e ficou marcada por ser a grande representante da ideologia socialista. Seu surgimento está relacionado com a Revolução de 1917, que transformou a Rússia em uma nação socialista.

Não obstante que os sonhos de Marx e Lenin tangessem à igualdade econômica a todos homens e mulheres, quando o pensamento Marxista se fez presente em um sistema de governo, foi aplicado pela coerção. Tolhendo liberdades, impondo o unipartidarismo, combatendo quaisquer instituições que anunciassem a liberdade como ideal, ou o direito. A “grande mãe Rússia” fora invocada como uma espécie de divindade a ser idolatrada. Senhora das liberdades, dos pensamentos, do ser ou não ser de quaisquer coisas. Entre as instituições atacadas pelo Governo Soviético, não poderia ser diferente, estavam as religiões. Durante o regime soviético a Igreja Católica foi da censura à total proibição. Podemos ver de forma bem presente este difícil momento no livro de Walter J. Ciszek, O Espião do Vaticano, Editora Flamboyant, 1999. O livro deste jesuíta é um diário de seus mais de 20 anos como preso político na União Soviética. Motivo de sua prisão? Dar atendimento pastoral aos católicos soviéticos naqueles tempos de repressão. Como castigo, foi condenado por espionagem, preso por mais de duas décadas e entre fome, torturas e trabalhos forçados, quase padeceu nestes tempos de cativeiro. O caso de Ciszek não foi algo isolado. Mortes, torturas e trabalhos forçados foram impostos aos muitos católicos que permaneceram fiéis ao seu chamado de seguimento de Jesus, não obstante a ameaça às suas vidas.

Estes fatos não foram ignorados pelos católicos do mundo inteiro. E, claro, foi tema de muitos debates e elocuções pontifícias. A Igreja não iria apoiar um sistema de governo que se sustente pelo cerceamento das liberdades, por condenar à tortura, prisão e morte aqueles que confessassem livremente sua fé em Jesus. Neste sentido, toda vez que vemos alguma restrição ao comunismo por parte da Igreja, devemos entender que esta se refere aos sistemas de governo opressores e assassinos, como o foi na União Soviética. A Igreja não se opõe à filosofia marxista em si. Se opõe a todos aqueles que, inspirados por esta corrente filosófica, recorrem ao totalitarismo e à violência. Políticas de morte se sustentam por muitas formas de pensamento. Nazismo, fascismo, marxismo. O problema não é o pensamento em si, e – sim – o que advém dele. O homem quando quer fazer o mal, pode usar até a Bíblia como fonte de inspiração. Mesmo que erroneamente.

Existe Excomunhão automática para quem é comunista?

Atualmente, muitos são os que afirmam verdades sem as ter comprovado. As informações falsas (fakenews) pululam na internet. Se não por má índole, pelo menos, por irresponsabilidade; muitos de nossos irmãos e irmãs afirmam e espalham falsas verdades sobre o Magistério da Igreja. Há quem acredite mais em uma postagem, uma informação no WhatsApp, do que um informe oficial da CNBB. Um grande teólogo de nossos tempos, Pe. José Adriano Stevaneli, chama a este lastimável fenômeno de “Magistério Paralelo”. Sim, paralelo! Não faz parte da Igreja, mas a prejudica em seu caminhar. Entre estas mentiras maquiadas de verdade, está a que afirma ser excomungado quem se identifique com o comunismo. Mentira! Vejamos.

Como vimos acima, em certo momento da história, a Igreja se opôs ao Comunismo. Em verdade, se opunha ao totalitarismo resultante da tomada de poder do Partido Comunista na Rússia e outras nações que viveram semelhante história. Como pudemos ver no acima citado livro-testemunho de Pe Walter J. Ciszek, as pessoas eram enviadas aos campos de trabalhos forçados. Pelo simples motivo de se opor ao pensamento político vigente. A Igreja não se opôs ao comunismo em si, mas às consequências dos atos do governo comunista. Como se calar diante de condenações injustas, tortura, cerceamento da liberdade de pensamento, trabalhos forçados, desrespeito à propriedade etc.? 
Mas se olharmos bem, estes crimes, estes pecados contra a humanidade, não são propriedade do comunismo. Não se trata de um sistema político e sim de vilania humana. 
Há que se lembrar que a Ditadura Militar vivida no Brasil e em outros países, cometeu estes mesmos crimes e era, confessamente, opositora ao comunismo. Os Governos Militares se diziam inimigos declarados do comunismo e, mesmo assim, torturaram, mataram, executaram, usurparam o poder. 
O capitalismo também tem sua dose de tirania. A tirania do mercado exclui, mata por indigência, corrompe a ética. Por fim, podemos entender que entre os humanos sempre haverá a má política. Não se trata da filosofia que a sustente no campo das ideias e, sim, de caráter. O vilão sempre será vilão. Indiferente de qual partido ou pensamento político ele se defina.

  • Quanto à chamada excomunhão automática aos comunistas, há uma manipulação descontextualizada dos Documentos da Igreja quando alguém defende essa ideia.

Em 15 de julho de 1948, L’Osservatore Romano publicou um decreto contra o comunismo do Santo Ofício, que excomungou os que propagavam “os ensinamentos materialistas e anticristãos do comunismo“, que foi amplamente interpretado como uma excomunhão do Partido Comunista Italiano (em italiano: Partito Communista D’Italia), que, no entanto, não foi mencionado no decreto. Aqui já se percebe uma ambiguidade na própria memória dos fatos.

Em 1º de julho de 1949, o Santo Ofício (hoje Dicastério para a Doutrina da Fé), publicou mais um decreto condenatório, aquele que passou a ser popularmente conhecido como o Decreto contra o comunismo. Neste documento, o Santo Ofício proibiu os católicos de favorecerem, votarem ou se filiarem em partidos comunistas; e de ler, publicar ou escrever qualquer material que defendesse o comunismo (citando os cân. 1399 e 2335 do Código de Direito Canónico de 1917, atualmente revogado). Este decreto voltou também a confirmar a excomunhão automática ipso facto (ou latae sententiae) de todos os católicos que, em obstinação consciente, defendiam abertamente o comunismo, porque eram considerados apóstatas. Lembremos que o Cân. 1399, do Código de Direito Canônico de 1917, dava suporte ao Decreto de Excomunhão ao Comunismo e seus adeptos.

  • O Papa São João Paulo II, aos 25 de janeiro de 1983, apresenta e oficia o Novo Código de Direito Canônico. Nesta versão atualizada do Código do Direito Canônico, no Cân. 6, § 1 e 3, diz:

§1 “Com a entrada em vigor deste código, são ab-rogados:
§3 quaisquer leis penais, universais ou particulares, dadas pela Sé Apostólica, a não ser que sejam acolhidas neste código”


O que significa estar revogadas quaisquer leis ou normas punitivas presentes em documentos legislativos da Igreja anteriores à promulgação do atual Código de Direito Canônico, que não constem citadas no mesmo. Ainda sublinho: não há qualquer Cânon dedicado ao tema comunismo no atual Código de Direito Canônico. E, como vemos no parágrafo 3, do Cân. 6, se não está contemplado no atual códice, deve se desconsiderar o que constou anteriormente.

Neste sentido, é falsa a afirmação da excomunhão automática de comunistas, simpatizantes e eleitores desta visão política. 
  • Se você afirma isso, repetindo por não saber a verdade, ou por convicção; sua afirmação é uma mentira. Cuidado para não se manter na mentira de forma voluntária! Isto faz de você um mentiroso e traidor da Igreja!

Discurso Social da Igreja não é Comunismo

Um equívoco recorrente hoje em dia é atribuir qualquer discurso que tenha em si relação com Justiça Social, Direitos Humanos, Direitos Ecológicos ao pensamento marxista. Quando isso acontece dentro da Igreja, na homilética, reflexão teológica, iniciativas como a Campanha da Fraternidade; estejamos certos de que nada há correlacionado com pensamento marxista. 
A Doutrina Social da Igreja teve início em seu próprio magistério. De forma mais sistemática, desde a Encíclica Rerum Novarum (1891), de Leão XIII, que a Igreja tem se mostrado preocupada com as injustiças sociais vividas pelos homens e mulheres. 
Encíclicas posteriores a esta foram muitas. Sínodos, Conferencias Episcopais, entre tantas iniciativas; mantiveram acesa a chama de se buscar um mundo mais justo e humano aos homens e mulheres de boa vontade. A isto não se atribui pensamento comunista, e sim, fidelidade ao Evangelho.

Queira Deus inspirar cada dia mais homens e mulheres que se sintam suscitados a um espírito profético, pelo qual, se busque o Reino de Deus e sua Justiça. Como nos inspira as Diretrizes Gerais da Evangelização:


EVANGELIZAR no Brasil cada vez mais urbano,
pelo anúncio da Palavra de Deus,
formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo,
em comunidades eclesiais missionárias,
à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude.


(Objetivos Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil, CNBB)



quinta-feira, 24 de novembro de 2022

A FÉ QUE TRANSPORTA MONTANHAS




Capítulo 19 (L.E.)

A fé, para ser proveitosa, deve ser ativa; não pode adormecer. Mãe de todas as virtudes que conduzem a Deus, deve velar atentamente pelo desenvolvimento das suas próprias filhas.
 A esperança e a caridade são uma consequência da fé. Essas três virtudes formam uma trindade inseparável. Não é a fé que sustenta a esperança de se verem cumpridas as promessas do Senhor; porque, se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que vos dá o amor? Pois,se não tiverdes fé, que reconhecimento tereis, e por conseguinte, que amor?
 A fé, divina inspiração de Deus, desperta todos os sentimentos que conduzem o homem ao bem: é à base da regeneração. É, pois, necessário que essa base seja forte e durável, pois se a menor dúvida puder abafá-la, que será do edifício que construístes sobre ela? Erguei, portanto, esse edifício, sobre alicerces inabaláveis. Que a vossa fé seja mais forte que os sofismas e as zombarias dos incrédulos, pois a fé que não desafia o ridículo dos homens, não é a verdadeira fé.
 A fé sincera é dominadora e contagiosa. Comunica-se aos que não a possuíam, e nem mesmo desejariam possuí-la; encontra palavras persuasivas, que penetram na alma, enquanto a fé aparente só tem palavras sonoras, que produzem o frio e a indiferença. Pregai pelo exemplo da vossa fé, para transmiti-la aos homens; pregai pelo exemplo das vossas obras, para que vejam o mérito da fé; pregai pela vossa inabalável esperança, para que vejam a confiança que fortifica e estimula a enfrentar todas as vicissitudes da vida.
 Tende, portanto, a verdadeira fé, na plenitude da sua beleza e da sua bondade, na sua pureza e na sua racionalidade. Não aceiteis a fé sem comprovação, essa filha cega da cegueira. Amai a Deus, mas sabei porque o amais. Crede nas suas promessas, mas sabei por que o fazeis. Segui os nossos conselhos, mas conscientes dos fins que vos propomos e dos meios que vos indicamos para atingi-los. Crede e sperai, sem fraquejar; os milagres são produzidos pela fé.

JOSÉ
Espírito Protetor, Bordeaux, 1862

Fonte: Perfil do Face Dra. Maria Fernanda M. Trabulsi.


quinta-feira, 17 de novembro de 2022

HISTÓRIAS DE VIDA DE PESQUISADORES DO ICMC-Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação - ICMC/USP



Resgatar e preservar as histórias de vida de pesquisadores do ICMC é um dos objetivos da série “Perfis ICMC”. 
A cada mês, uma nova história será publicada e todas farão parte do livro comemorativo do cinquentenário do Instituto, que foi publicado esse ano.
A próxima história é da professora Cidinha, contando sobre sua vida cheia de pontos singulares!

Assista ao vídeo completo e leia o texto:






domingo, 13 de novembro de 2022

A Igreja Católica do Brasil está rachando. Artigo de Pedro A. Ribeiro de Oliveira

"No quadro de perda de importância da Igreja na sociedade, muitos clérigos aderem ao ideário neofascista e assumem uma postura reacionária tanto nas questões da sociedade quanto da religião. Embora essa adesão seja mais visível entre os padres e mais discreta entre os bispos, aí reside o risco de ruptura da comunidade católica: quando um lado não reconhece o outro como legitimamente católico. Não há mais como costurar o tecido religioso rasgado. Tudo que se consegue fazer hoje é colocar remendos, que cedo ou tarde esgarçarão mais ainda o tecido", analisa Pedro A. Ribeiro de Oliveira, sociólogo.

Segundo ele, "se o movimento tradicionalista continuar crescendo, os católicos que não o aceitam se afastarão e a Igreja Católica poderá viver o pior dos cenários: sua redução a um conjunto de seitas tradicionalistas".
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A sua aposta é na necessidade de "elevar o teor profético da Igreja Católica". Pois "não é necessário que os e as profetas sejam muitos/as. Basta que sejam pessoas admiradas e respeitadas por sua fidelidade ao Evangelho, por sua prática pastoral e por sua adesão às orientações de Francisco. Serão essas as vozes proféticas que suscitarão novas forças ao Povo de Deus que está no Brasil".
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Eis o artigo:

Entre os muitos estragos causados pelo recente processo eleitoral está o agravamento do dissenso no interior da Igreja Católica. É como se os remendos que já há algum tempo vinham sendo colocados sobre um tecido esgarçado revelassem de uma hora para outra sua inutilidade. Não há mais como esconder: a Igreja Católica está dividida e essa divisão não pode mais ser disfarçada.
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Quero aqui sugerir uma explicação sociológica para esse fato e apontar um caminho para quem quer se manter dentro da Igreja sem precisar fazer de conta que está num ambiente de irmãs e irmãos na fé.

Bem sabemos bem que a Igreja Católica se distingue entre as Igrejas cristãs por sua enorme capacidade de conviver com as diferenças religiosas. Desde que tenha sido batizada e não renegue publicamente a fé ou a igreja, a pessoa é católica – pouco importando o que crê ou sua maneira de relacionar-se com o sagrado. O fato novo, agora, é que o avanço neofascista na Igreja trouxe divergências de ordem moral e política incompatíveis entre si, tornando praticamente impossível uma verdadeira comunhão eclesial. Sinal disso é a crescente disseminação de rituais do tempo de Pio XII, como se o concílio Vaticano II não tivesse existido.

Mais do que uma afinidade afetiva entre a postura política neofascista e os ritos anteriores à reforma litúrgica, existe uma afinidade estrutural entre eles. O que os une estruturalmente é a rejeição à última inovação da modernidade: o ascenso social das mulheres minando o sistema familiar fundado no patriarcado. É o próprio sistema de poder masculino – chefe de família ou chefe de igreja – que se esvai, obrigando todos os demais componentes a redefinirem seu papel.

Como se isso fosse pouco, vem à tona toda a questão da sexualidade, agora vista sob o prisma das teorias de gênero e assumida pela bioética que não se deixa reger por normas religiosas. O ideário patriarcal, que sustentou tanto a organização familiar quanto a principal Igreja do Ocidente, encontra-se agora sob ataque não só do feminismo, mas também de outros movimentos libertários, decoloniais e contra o supremacismo.

Diante desse ataque, o elo entre o neofascismo e o enrijecimento da liturgia tridentina cria um movimento propriamente reacionário: ambos se colocam em defesa de um sistema de poder cujas bases estão irremediavelmente abaladas. Aí reside sua afinidade estrutural. Nem um nem outro apresenta algum projeto de futuro: ambos idealizam um passado que nunca existiu e infundem o medo ao futuro assombrado por um fantasma comunista. O período eleitoral e os movimentos golpistas posteriores ao resultado do 2º turno mostraram o quanto esse medo foi difundido em diferentes segmentos da população brasileira, entre os quais destaco os católicos que migraram do movimento carismático para o tradicionalismo.

No campo católico, esse movimento reacionário veio aprofundar o dissenso que já estava em curso numa Igreja em processo de encolhimento, como mostram as celebrações dominicais cada vez mais esvaziadas de fiéis. O censo demográfico certamente mostrará o decréscimo da população católica com menos de 40 anos de idade, seguindo a tendência apontada pelo censo de 2010.

A Igreja Católica ainda se mantém como espaço de sociabilidade da população acima de 50 anos, mas esta diminui com o tempo. Mas, em vez de criar novos espaços de sociabilidade – como são as Comunidades Eclesiais de Base e as Pastorais Sociais –, o clero aposta em celebrações-espetáculo, em programas religiosos na TV, em turismo religioso e em programas radiofônicos de autoajuda. Mantida essa tendência, dentro de mais algum tempo a Igreja Católica brasileira, confinada aos santuários, templos e sacristias, terá perdido a incidência na vida da população em geral.

Nesse quadro de perda de importância da Igreja na sociedade, muitos clérigos aderem ao ideário neofascista e assumem uma postura reacionária tanto nas questões da sociedade quanto da religião. Embora essa adesão seja mais visível entre os padres e mais discreta entre os bispos, aí reside o risco de ruptura da comunidade católica: quando um lado não reconhece o outro como legitimamente católico. Não há mais como costurar o tecido religioso rasgado. Tudo que se consegue fazer hoje é colocar remendos, que cedo ou tarde esgarçarão mais ainda o tecido.

Posso ter pintado esse quadro com tintas fortes, mas ele é real. O apoio explícito de padres ao governo agora derrotado e o silêncio da maioria do episcopado diante das barbaridades por ele cometidas só confirmam a tendência de ruptura no interior da comunidade católica. Isso não significa que estamos às vésperas de um cisma – com a institucionalização de duas igrejas de confissão católico-romana –, mas caminhamos rapidamente para um quadro de desinteresse de um lado em participar da mesma Igreja que o outro. Se o movimento tradicionalista continuar crescendo, os católicos que não o aceitam se afastarão e a Igreja Católica poderá viver o pior dos cenários: sua redução a um conjunto de seitas tradicionalistas.

Diante desse quadro, é preciso elevar o teor profético da Igreja. Tivemos bispos como Helder Camara, Paulo Evaristo, Pedro Casaldáliga, Tomás Balduino e outros que ousaram quebrar a unanimidade de um episcopado silencioso diante de violações aos direitos humanos. Eles devem ser sempre lembrados, para que os bispos e padres que hoje seguem seu exemplo não se sintam como destoantes do conjunto, mas hoje a Igreja Católica já não se entende mais apenas como um espaço de bispos e padres. O movimento histórico de superação do patriarcado entrou também no campo católico onde, desde a segunda metade do século passado, religiosas, leigas e leigos ocupam progressivamente posição de liderança nas comunidades de base, tendo sua autoridade reconhecida pelos fiéis, independentemente de seu reconhecimento canônico. Existe aí um potencial profético que poderá em breve tornar-se a principal fonte de vitalidade pastoral na Igreja Católica brasileira.

Não é necessário que os/as profetas sejam muitos/as. Basta que sejam pessoas admiradas e respeitadas por sua fidelidade ao Evangelho, por sua prática pastoral e por sua adesão às orientações de Francisco. Serão essas as vozes proféticas que suscitarão novas forças ao Povo de Deus que está no Brasil. Essas vozes proféticas não impedirão a inevitável redução numérica da Igreja Católica no país, mas poderão dar realidade ao antigo sonho das Comunidades Eclesiais de Base, animadas pela Teologia da Libertação e pela leitura popular da Palavra de Deus, como ensina Frei Carlos Mesters. Assim será gerado um novo jeito de ser Igreja: uma igreja libertadora que favoreça a superação do patriarcado e lance as raízes de uma sociedade justa, fraterna e respeitosa da Casa Comum.
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Se assim for, este momento doloroso de divisão eclesiástica pode tornar-se também o momento germinal de uma Igreja atualizada para assumir o projeto de Jesus na história do século XXI.

FONTE: https://www.ihu.unisinos.br/

Opinião editor desse blog:
"Esse racha era previsível, pois padres se colocaram como cabos eleitorais e não como Pastores do rebanho confiado a eles por Cristo, e isso leva os católicos mais fieis aos evangelhos a desconfiança a se afastarem ou esfriarem sua relação com a Igreja"
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"Confiemos que o Bom Pastor irá novamente reunir Seu Rebanho como um Novo Pentecoste.



quinta-feira, 10 de novembro de 2022

FUSCA: Uma paixão nacional

O Fusca é um carrinho de personalidade e bons relacionamentos, sempre estão juntos. Esses irmãozinhos ainda vão andar pelas nossas ruas por muito tempo.
Fotos: Rivaldo R. Ribeiro













Esse marrom que aparece também nas fotos acima, é meu companheiro há 20 anos.