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domingo, 29 de agosto de 2010

ESCATOLÓGICO -Rivaldo R.Ribeiro

Uma angustia súbita apertou-me o peito, abri a janela, o sol avermelhado parecia envolvido por uma poeira cósmica. Os ventos não tinham direção, as birutas indecisas rodopiavam para todos os lados, ora estava a sudeste, ora a nordeste, ora girando no próprio eixo como seu vento vinha de cima e ou de baixo com a força vertical.


Os pássaros que voavam no céu eram apenas pontinhos negros, porque ao longe não se podiam distinguir as cores, junto iam as galinhas com seu vôo pesado, até o João de Barro abandonou a sua casinha... Todos voavam numa mesma direção em formação harmoniosa, assim  foram desaparecendo no horizonte...


Os cachorros sempre alertas a tudo murchavam as orelhas uivando com as caudas entre as pernas, e com olhar de despedida iam junto com outros animais que em manadas corriam todos na mesma direção dos pássaros, aos poucos a natureza silenciava.


Apenas os peixes continuavam nadando rio acima, ou rio abaixo, nos mares ou oceanos, porque também eram como os racionais, "o grande" comia os pequenos, e por causa dessa peleja não percebiam que os rios estavam morrendo, que as águas estavam ficando turvas, que suas vidas corriam risco, e tarde demais só lhes restariam as "margens"...




Nas ruas as pessoas corriam apressadas perseguindo algo que nunca encontrariam, e não percebiam as mudanças no mundo, com isso o perigo do progresso humano que os faziam julgarem-se inteligentes, mas não sábios, correndo o risco de esquecerem-se de Deus.


Assim como sempre os últimos a perceber o que acontecia em volta de si, agora percebiam, doenças misteriosas e incuráveis pipocavam a todo canto, olhavam os céus assustados e não entendiam se aqueles eventos eram cósmicos ou messiânicos, e descobririam sua pequenez diante do universo: um ao lado do outro, os inimigos, os pobres e os ricos, aquele um e aquele outro, os de pouca idade, os de muita idade para cá ou para lá, os que viviam brigando por quase nada, ou por nada, descobririam que as fortunas ou suas tecnologias arrogantes e escravagistas não teriam importância diante do caos...


Aquele desespero generalizado e incontrolável fazia luz nas suas cegueiras, enquanto isso os animais iam todos para o horizonte, voando, andando, todos tranqüilos em ordem. E eles os racionais indagavam-se, uns pela primeira vez, outros já o tinham feito porem somente a si próprio, alguns sentados no chão com o rosto entre as mãos abandonavam-se porque tudo parecia perdido, seria o fim...?


Na natureza agonizante morria as flores e o verde, as cores foram sumindo, agora todos relembravam da sua beleza diante daquela imensa feiúra, e eles como os reis tiranos dominaram e ficaram sozinhos, agora fracos e a centenas ajoelhavam-se aos gritos:- "Meu Deus" - e desabavam-se um nos braços dos outros, haviam compreendido! Um vácuo nas suas lembranças _ e tudo foi reiniciado...


Assim no horizonte, um pequeno ponto denunciava a volta de um pássaro, depois outros, os cachorros voltavam latindo abanando as caudas, e as manadas de outros animais. O verde foi rebrotando, uma flor? Olhem uma flor, mais e tão pequena!O céu voltou a ficar azul, as nuvens já pontilhavam aqui e acolá e uma nova terra nascia com sua brisa suave sem o cheiro acido e seco... Ouvia-se o murmúrio de um riacho, cânticos de felicidade ouviam-se de todo canto.




Nosso Senhor Deus havia devolvido nosso presente, MAIS UMA CHANCE.


"Eu nunca te deixarei nem desampararei" (Hebreus 13,5)