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sábado, 31 de julho de 2010

O ATO DE ESCREVER -Rivaldo Roberto Ribeiro

O ato de escrever é a organização das palavras em um sentido harmônico de idéias, sentimentos, informações, opiniões, investigações metafísicas, uma tentativa próxima de um arranjo musical pela emoção e pela sincronia entre uma palavra e outra. É uma espécie de conversa e desabafo com um leitor imaginário, um ato libertário, um delírio em tecer o abstrato e o concreto transformando nossa imaginação em mundos consistentes, sensações múltiplas que devem convergir apenas num ponto para que o leitor tenha compreensão sobre essas sensações, uma criação de momentos lúdicos proporcionando a nossa mente uma viagem à outra dimensão.


O ato de escrever é a necessidade de se comunicar e dizer aos outros que está aqui, que é parte deste mundo, não é colocar-se acima dos outros, e sim se colocar entre os outros, não deve ser confundido com arrogância, prepotência, vaidade ou coisa semelhante, pelo contrário na maioria das vezes são pessoas introspectivas e contemplativas, o que vem proporcionar o favorecimento da percepção pormenorizada e peculiar do mundo exterior.


O ato de escrever não é fácil, às vezes é impedido pelo senso do ridículo que age com suas marteladas doloridas e inimigas na nossa mente..., outras vezes há restrição pelo medo natural da sobrevivência. Mas as palavras vêm, não são amigas e nem inimigas precisamos conquistá-las, uma conquista difícil pela sua vocação de liberdade, que aprisionadas teimam em sair. Poderiam ficar escondidas nas gavetas, nos blocos de papel, no diário da agenda, mas que efeitos teriam? Só ouviríamos seus soluços pela tristeza de ficarem aprisionadas, asfixiadas nas angustias de sua própria determinação.


Quem escreve tem a esperança de mudar alguma coisa, se não tivesse esta esperança não adiantaria ir para essa aventura, ser julgado por todos de todas as formas, o medo das criticas ou indiferenças que podem nos levar a resignação. Mas espremido entre o céu e a terra esta renuncia não é possível, explode de forma incontrolável em palavras às vezes desconcertantes, sem sentido, sem lógica, correm para nossa mente como espermatozóides para a fecundação, que no inicio é apenas um sopro de vida, que vai desenvolvendo, crescendo, tomando forma, chegando ao seu sentido, tendo sua aparência e seu nascimento.


Depois de nascidas as palavras vão... Criam asas e voam... Já não mais nos pertence... Como todo bom pai e bom filho conversamos muito, encontramos seu desejo, sua sina, seu dom, e ensinamos o caminho, mostramos que sonhar com um mundo utópico não é loucura, as palavras têm esse poder de sonhar e realizar sonhos, pois a realidade se concretiza através dos sonhos. E por ai elas vão tentando explicar tudo que encontram pela frente: as verdades, os erros, a justiça, as crenças, as esperanças, as revoluções, a evolução... Um infinito caminho na busca da compreensão do homem.


Enfim o ato escrever é como a vida: difícil, misteriosa, nos leva a descobertas, nos da prazer, às vezes um medo apavorante, mas devo confessar que colocar todas as idéias sobre um assunto é deveras intrigante, é uma espécie de quebra-cabeça que não sabemos o resultado da imagem que se vai formar... E quando não há fidelidade com as idéias que queremos expor, sentimos uma tentação incrível de não prosseguir... Mas o desejo de continuar vem bater na porta novamente e se não abrirmos correremos o risco de virar as costas a única coisa realmente nossa: a liberdade de pensamentos.