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sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Machado Mario Augusto de Moraes: Comentário sobre nosso amigo virtual ou seria real?

Meu amigo Mario Augusto de Moraes Machado, para os amigos Morani, se a vida nos desse tempo, eu gostaria de conhecer o mundo, amigos virtuais, mas na prática muitos já são reais. 
Gostaria de conhecer as paisagens que você pintou, gostaria de conhecer tantos lugares, tanta gente, mas a vida é apenas uma experiência, apenas uma experiência. Nada mais. 

"Espero que na "vida" após a morte o tempo não será nossa prisão."
 
Página no Faces em memória do nosso amigo que se foi em 25/05/2020:

Algumas pinturas desse sensacional artista plástico que infelizmente Deus o levou no dia 25/05/2020 nos deixando orfão desse grande amigo...

Parte dessa postagem foi publicada nesse blog em 04/04/2013 e atualizada. 


Ambiente da Roça?"O cãozinho é elemento tão pequeno à tela... Não pode, porém, ser dispensado ao ambiente roceiro: é presença comum ao auxílio do pastorzinho que, sentado calmamente, vigia o cão e a vaca. O cão é o único agitado ao recanto onde reina a paz, e à vaca - nada a perturba - apenas o olha, indiferente." Mario A. de Moraes.

Mesa Posta "Eis a mesa posta... Laranjas e queijo, e vinho tinto, seco... Esses objetos são de cozinha, mas o prato de porcelana, cuja borda leva pinturas de flores e pequenas gregas, fez parte de conjunto de 60 peças mais ou menos recebidas ao dia 15 de abril de 1922 como presente de casamento de Martinho de Figueiredo Machado e de Alice Covino de Moraes, meus pais. Seis anos separam a bela data a completar 100 anos! A jarra azul quebrou, o prato de aço inoxidável com o queijo sumiu, a taça de vinho eu quebrei ao escorregar à laje de casa a um churrasco, a faca ainda a temos, o bule também quebrou e o almofariz se acha à laje, velho e esquecido à sua utilidade a esmagar alho, mas Léia plantou um delicado pezinho de flor amarelinha imitando margarida.. Emprestou ao recipiente a dignidade antiga! O restante das louças, que completam o espólio de porcelana - presente aos meus pais -, se encontram em Mestre, Veneza, Itália, à casa de minha irmã Mariza. Esse detalhe faz o humor à estória da tela.Mario A. de Moraes."

Moça arrependida-26/01/2016:"A um ambiente à meia luz, uma jovem se queda pensativa. Deu-se ao galante noivo num momento de elevada emoção e puro amor. A penumbra, suavizada pela fonte de luz à esquerda, não consegue esconder a sua decepção e a sua irremediável queda. Acha-se paralisada, ensimesmada e envergonhada. Fez do quarto a sua prisão que tudo o mais se acha preso ao seu destino e ao seu desatino.Mario A. de Moraes.."

Natureza Morta e Janela aberta.""Natureza Morta e janela aberta" - Todos os elementos registrados a essa tela são meus, digo: da cozinha, onde Léia impera; as únicas peças que não se encontram mais conosco: a mesa e as seis cadeiras (apenas uma à pintura); a taboa de carne deu o que tinha a dar - foi para o lixo; a faca teve queimado cabo de plástico, mas a lâmina serve para Léia mexer às suas plantas à laje; o copinho e o caneco de vidro ainda resistem; a vasilha de barro com frutas, também; o barrilzinho de cachaça decora o balcão à cozinha; a garrafa de cerveja quebrou e o garrafão dei a um comprador de vidros; agora, as frutas nós as comemos; o pedaço de paio sobre a taboa de carne, idem; a sopeira continua guardada e sem uso, pois nos servimos de sopa diretamente à panela, que o tempo frio - quase sempre por aqui às montanhas - acaba o calor dos caldos, e sopa fria é terrível! A toalha envelheceu e se esgarçou a tantas lavagens e a janela foi fechada por termos mudado de residência. Essa é a estória humorista da tela, que via de regra se insere às pinturas, sem que sejam contadas." Mario A. de Moraes.

               Vaso sobre comoda:"Natural e artificial" : "essa natureza morta resultou do seguinte fato: temos vasos de sobra onde foram plantadas Violetas, sendo um desses vasos o que aparece à tela, e os dois florões sobre o tampo do móvel foram feitos pelas mãos artesanais de Léia, de sobras de palha de milho. A minha esposa é também uma artista que mereceu fosse o seu trabalho registrado à eternidade. Essa plantinha já deu o que tinha a dar: melou... As duas hastes artificiais não melaram nem murcharam, apenas perderam as graças ao passar do tempo; foram ao lixo, mas suas presenças eu as registrei a essa tela. Isso prova serem eternos todos os nossos modelos; pessoas e objetos se vão, mas a tela guarda as imagens fixadas a elas. Telas existem há mais de mil anos e ainda hão de durar mais uns mil!" Mario A. de Moraes.
 
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ABAIXO Algumas pinturas do Mario Augusto de Moraes Machado, o Morani para os amigos-Retratando a linda cidade de Nova Friburgo-Rio de Janeiro.

"Apresento as Duas Pedras famosas como atalaias às intempéries naturais à guarda da cidade que abaixo se estende, confiante aos escudos das rochas milenares. Contudo, as duas pedras aludidas não são propriamente essas duas gigantes, mas, sim, as duas que descansam, pequeninas, ao topo da pedra à esquerda como seios de granito quase a mergulhar pela encosta abaixo dessa base fendida e que se escora à vertente, que parece sustê-las. A coluna de nuvens, sugere presença de vulcão; apenas sugerem... Quem for ao alto, pelo teleférico, testemunhará a imensa cratera que abriga toda a cidade de Nova Friburgo. O cinturão de montanhas foram bordas, provavelmente há milhões de anos, dessa boca grandiosa de um vulcão eternamente extinto. Essa foi a minha impressão."Mario Augusto de Moraes.

Paisagem mineira com casarões e "casarinhas", e mais igreja, debruçados sobre rio manso no interior; três pessoas dão vida à imagem de uma manhã roceira: sobre a caixa d água uma delas faz reparos; sobre a mureta da casa em ruínas, um garoto lança a linha de pesca e, acima, à ladeira que leva à Casa de Oração, outra pessoa leva à cabeça cesto com produtos. Nota-se o abandono aos prédios e a torre da igreja, que começa a tombar para um lado, mas com que prazer eu viveria ai. Mario A. de Moraes



"Aqui fica a descida que leva os moradores da parte alta do bairro Perissê às ruas da parte baixa. É uma série de curvas até se alcançar as duas ruas principais, Essas lindas árvores não existem mais. Queimaram-nas. O morador é o de camisa vermelha junto ao barranco, que vem desde a parte alta. Ao primeiro plano, a pujança das plantas hoje abafadas pelo mato abundante. A árvore totalmente seca foi uma das vítimas de raios que derrubaram as outras. Essa ficou de pé, mas perdeu todas as folhas e agora já não mais existe. Ao último plano, a grande mata a um cerro que corre até à serra. Tudo ali é mata de eucalipto." Mario A. de Moraes.

Veja mais dados sobre esse artista clicando AQUI

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O pintor desses quadros,Mario Augusto de Moraes Machado, reside em Nova Friburgo-RJ, bela cidade serrana do Estado do Rio de Janeiro. 


Clique sobre as imagens para vê-las no tamanho original:


Nova Friburgo, 14/03/08
Esta é uma das mais belas vistas existentes na cidade serrana de Nova Friburgo.

O grande prédio amarelo, no centro da tela pintada por De Moraes em 1997, é o famoso "COLÉGIO ANCHIETA" da Ordem dos Jesuítas. Dali de suas salas saíram alunos que mais tarde se projetaram no cenário político, econômico e artístico de nosso país. Aqui, nessa terra, nasceu o famoso pintor Guignard e nesse egrégio estabelecimento de ensino passou Euclides da Cunha, o famoso autor da obra "Os Sertões" que conta a saga dos recontros entre o exército da Primeira República e os habitantes de Canudos, ao norte do estado da Bahia. Logo ao pé da grande pedra está a UERJ, da Fundação Getúlio Vargas que antes fora um colégio de sistema de internato para rapazes de abastadas famílias de todo o Brasil. São vistos os topos de alguns prédios da cidade, parte das copas dos antigos eucaliptos que dão sombras e beleza à Praça Getulio Vargas e abaixo, no lado direito da tela, os arbustos próximos a casa do pintor.
Nota: De Moraes é o cognome de Mario Augusto de Moraes Machado que se assina MORANI em suas correspondências na internet.



Nova Friburgo, 17/03/08
Esta é mais uma paisagem pintada por mim. Montei meu cavalete na sala de estar, pois dali posso ter a visão clara das pedras irmãs que têm o nome de DUAS PEDRAS, não por elas, mas, sim, por duas outras que ficam na montanha à esquerda, no alto, também à esquerda, e que se inclinam para o abismo como mostro aqui. São duas montanhas de pura rocha cobertas em parte, nos cimos, principalmente, por uma verdura rasteira. Sobranceira à cidade, tem imediatamente ao seu pé a conhecida Fundação Getulio Vargas. À direita, rente ao limite da tela se pode ver uma parte do Colégio Anchieta: o predio amarelo no qual aparecem três janelas, porém são muito mais em todo o prédio de uma imponência admirável e com suas muitas palmeiras altaneiras a completar a "moldura" natural do lugar. Abaixo, quase no meio da tela, vemos os últimos andares do Edificio Italia; mais um pouco à direita se vê a torre da companhia telefônica e partes de outros prédios ali e mais além, na direção ao Colégio Anchieta. Logo acima do topo do Edificio Italia outra pequena torre, que sobrepuja levemente a de cores vermelha e branca (da Telefônica), prédios brancos, encobertos em parte pela vegetação, pertencem: um ao Teleférico, e o outro a um restaurante. Atualmente, existem mais prédios residenciais lá nas alturas incluindo prédios de apartamentos, pois a paisagem acima reproduzida por meus pincéis foi feita em 1998. Pode-se bem avaliar a vista que se tem de toda a cidade, incluindo outras montanhas, pedras como a da Catarina e a mais alta da região: a montanha da Caledônia com 2.219 metros de altitude. Lá os ventos são poderosos e capazes de derrubar homens que se coloquem de pé em seu pico. Avista-se do seu alto a cidade do Rio de Janeiro, em meio às brumas que sobem da serra de Friburgo. Tudo se veste de uma beleza sem par, tanto à frente como à esquerda ou à direita de quem chega até à base das Duas Pedras. Nossa cidade de Nova Friburgo foi fundada por suiços. A principio, aqui chegaram 2006 emigrantes com o aval de D.João VI vindos do Cantão suiço para as terras da fazenda Morro Queimado, por volta de 1818. No trajeto do Rio para o alto da serra as perdas de vidas humanas chegaram a 386, mas 14 novas crianças chegaram no "Novo Mundo" serrano. 16 de maio é a data magna da cidade, que de agrícola por excelência adotou, paulatinamente, um parque industrial de importância inegável. Nova Friburgo deu guarida ao eminente Ruy Barbosa que ocupava mansão à Praça XV de Novembro, hoje Praça Presidente Vargas. A mansão, que deveria ter sido tombada pelo Patrimônio Histórico, hoje já não mais existe. Era um pequeno castelo de pujante presença, mas derrubado pela incúria de alguns que não lhe deram os devidos valores histórico e turístico. Poderia ter sido um Museu, que a cidade não tem, para o registro de toda a história belíssima de nossa cidade. Sou carioca de nascimento, mas friburguense de alma.
Morani

FONTE: http://blogdomorani.blogspot.com/2008_03_01_archive.html  


SEGUNDA PARTE: 



CASARIO E MATRIZ DE ALDEIA BRASILEIRA

Nova Friburgo, 12/04/08


Eis um lugar em que muitos brasileiros gostariam de viver. Muita tranquilidade num lugarejo sem pressa de o tempo passar, para se viver um dia como se o mesmo tivesse 48 horas.

A torre da velha igreja, que está se inclinando para a direita por motivo do terreno estar cedendo ao seu peso, teima ainda continuar de pé como baluarte da fé que determina todos os principios do mundo.

Ao seu lado um campinho, gramado, onde a molecada do lugarejo vai bater a sua bola nos finais de semana. Abaixo desse local de brincadeiras vê-se o que restou de um antigo muro que protegeu, por anos, uma casa que já não mais existe. Só na lembrança da vizinhança.

Do outro lado da rua o casario se estende até à beira do rio, mostrando as ruínas de uma outra antiga residência. Sobre o que restou do muro, um rapaz tenta pescar o almoço do dia. Esse jovem está folgando. Subindo a ladeira, um trabalhador autônomo tenta vender suas frutas, e sobre a caixa dágua do casarão, em primeiro plano, um homem ajoelhado tenta algum conserto. O prédio todo pede socorro. A pintura vai-se consumindo com a umidade do rio, mostrando o emboço e a idade do casarão. À frente passa o rio tranquilo como todo o resto da aldeia. É meio-dia. Todos estão recolhidos aos seus lares, talvez sentados às mesas para consumirem o almoço. O sol a pino não deixa os freguezes sairem à rua para atender o vendedor que sobe a ladeira com o cesto na cabeça. No céu, nuvens pesadas prenunciam chuvas vespertinas. E a vida vai sendo vencida e vencendo os moradores.

A tela foi pintada em 1991 e assinada De Moraes, medindo 0,48 x 0,63, em
óleo.




Paisagem matinal em Friburgo.
Nova Friburgo, 18/04/08


Mais uma bela vista que o local onde moro me privilegia sobremaneira.

Ainda é muito cedo, mas podemos ver uma mulher ao canto esquerdo inferior da tela indo a algum lugar.

Por trás do primeiro plano a primeira montanha, ao longe, se acha parcialmente coberta por densa cortina de nuvens.

O céu se acha límpido como cristal, e os primeiros raios do sol começam a se esbater nas fachadas das casas, nas copas das árvores e ao chão se estendem como lençois, dando um toque de luz no gramado e em parte do pequeno barranco de onde sobem três troncos delgados de eucalipto - árvore muito encontrada em regiões frias. As chuvas torrenciais que cairam durante a noite desbarrancaram a pequena elevação à direita, até à base de um dos prédios do local. Esses trê pés de eucalipto infelizmente já não existem mais. Derrubaram-nos por medida de segurança. E, assim, vamos perdendo o nosso arvoredo por desculpas inaceitáveis. As chuvas violentas, mais os ventos fortes que correm por ali, nem sequer mexeram nos delgados troncos: continuaram eretos.
Essa tela foi pintada na década de 90 , em óleo sobre duratex.
 


INICIO DO GRANDE BOSQUE DO PERISSÊ
Nova Friburgo, 11/04/08

O bairro em que vivo é um lugar da cidade que descortina aos nossos olhos, sempre atentos, os mais lindos recantos.

Ali se vive em meio à vegetação abundante; um bosque que vai da rua onde se encontra a casa focada até ao seu mais elevado ponto: a mata que se estende até os límites da floresta serrana.

A árvore isolada às demais, foi vítima de um poderoso raio que a fendeu de alto a baixo em um dia de muita tormenta. Só os ventos, que vêm do Alto da Caledônia, por sí sós fazem os estragos desnecessários, mas tiveram como sócio a faísca elétrica que acabou com a vida da árvore grácil.

A que se encontra mais acima dela (com o tronco e alguns galhos aparecendo) foi derrubada por questão de "segurança", disseram os soldados do Corpo de Bombeiros da cidade. Porém, já não havia vida nela, pela incúria de alguns desocupados que tocaram fogo na mata ao pé da mesma.

As outras, pouco tempo duraram. A mão violenta do homem foi mais uma vez causadora do desaparecimento das belas e antigas árvores. Hoje não se vê a casa com tal facilidade. O mato cresceu de tal forma que a tudo encobriu, juntamente com outros pequenos arbustos, que se transformarão em árvores, futuramente, se o homem deixar. Contudo, esse é mais um belo recanto do meu bairro que o meu pincel registrou em suporte de eucatex. Ao fundo, em um verde mais claro, pedaço da mata do Catarcione que corre serra abaixo seguindo paralela à mata do Perissê.





 BOSQUE NO ALTO DA SERRA DO MAR
Nova Friburgo, 11/04/08

Quem desce a serra que leva a Rio das Ostras, no litoral fluminense, obriga-se a desviar do seu curso para, penetrando à direita, em uma das muitas estradas que levam a fazendas naqueles rincões topar com bosques como este captado por minha câmera e posteriormente registrado em suporte igualmente de eucatex. Pintar ao vivo torna-se impossível, por causa das muitas chuvas e ventanias intensas no local.

Trata-se de região de dificil acesso e bastante inóspita. A cabana vista sob as sombras das árvores, nada reserva de atraente por dentro. É um cômodo só, e sem qualquer confôrto. A porta está sempre aberta, pelo que me foi dito, servindo tão somente de entrada aos caminhantes que procuram lugares mais ermos para um descanso do dia-a-dia das cidades, mas com um teto sob as cabeças. A água do riacho, que vem descendo em direção à serra mais abaixo, é gelada e ótima para consumo. Ali nada se ouve, a não ser o canto suave dos pássaros e, às vezes, o rosnar das onças que rondam toda a região da mata. É o típico recanto dessa serra abençoada que nos convida ao abandono de nossas vidas no corre-corre das cidades, porém com todo cuidado para se chegar lá sem tropeços.
FONTE:
http://blogdomorani.blogspot.com/2008_04_01_archive.html


OBS. Publicado originalmente no dia 16/01/2011 na página  http://painel-mundus777.blogspot.com.br


sábado, 24 de outubro de 2015

EM LOUVOR A DEUS (Mario Machado)

Quem acalma as procelas
rompe as broncas penedias
comanda noites e dias
e cria um astro de milhões de velas?
Quem embeleza os vales tranquilos
agita o mar e acende os firmamentos
dá aos astros os seus movimentos
e agilidade aos indefesos esquilos?
Quem protege as aves dos vendavais
dá beleza aos lírios dos campos
luzes azuis aos pirilampos...
quem pode fazê-lo, quem mais?
Quem organiza todas as células
e prescruta o Homem interior?
Quem dá mais tanto Amor
e beleza às asas das libélulas?
Tudo é tão simples para Ti, Senhor...
.
Só o Homem, sem compreender tudo,
extasia-se e se faz mudo
escravo do medo e vítima da dor.
Quem pode mais do que Tu, Senhor?

(mario machado)


segunda-feira, 20 de junho de 2011

MINHA CASA NO PERISSÊ

Crônica liliputiana


Perissê é o bairro onde vivo há dez anos. O endereço é: Rua Campos Salles, 55 sobrado. Das janelas da sala e do meu quarto tenho uma deslumbrante e única vista de parte da cidade e do bairro.
À minha frente duas montanhas rochosas gêmeas nomeadas Duas Pedras tendo ao seu topo o antigo Colégio Fundação Getulio Vargas - para filhos de ricos - e, mais abaixo, aos seus pés, outro colégio - esse centenário Colégio Anchieta onde estudou Euclides da Cunha e deu aulas Ruy Barbosa! Daqui vislumbro sua vetusta fachada e as muitas palmeiras que nos dão boas vindas.

Porém, estou aqui para falar de “nossa” casa querida.

Aos 23 de março de 1997 entramos pela segunda vez por sua porta, definitivamente. Ela era o que vínhamos procurando com todo empenho. Nós cabíamos nela, com folga, e ela cabia em nosso orçamento
familiar, ou seja: o aluguel não ultrapassava os 30% dos nossos salários, aconselhado por técnicos em economia. Ela nos oferece sala espaçosa com candelabro de cinco pontas; uma das paredes é guarnecida
por pedras, esverdeada e acinzentada, de matizes variados. Duas grandes janelas trazem-nos luz soalheira intensamente. À frente - como disse - uma janela a guisa de moldura nos mostra campos distantes.
 Há paisagens dignas a um Monet; a outra, à parede lateral, leva nossas vistas a um bosque onde um condomínio excelente predomina, adormecendo sob sombras uma população da classe média. A “nossa” casa nos oferece ainda dois quartos e hall de entrada, espaçosos; copa-cozinha de ótimo tamanho, banhada de muita luz; banheiro igualmente espaçoso; varanda à ré da casa e uma laje totalmente nossa.


Laje imensa que nos serve como "mirante" nos dando deslumbrante vista da nossa cidade centenária emontanhosa e outras paisagens ricas em verdes. Mas foi morando nela que me descobri com sérios problemas de saúde. Em compensação, foi nela que usei a visão privilegiada para pintar paisagens magníficas dali descortinadas. Aqui, nesta casa que nos faz felizes, passei os piores e melhores momentos da atual quadra de minha vida.

Não descarto a possibilidade de permanecer nela por mais dez anos, se Deus permitir. Sempre fui muito apegado aos lugares escolhidos para moradia. Não vivi pulando de casa a casa, de bairro a bairro, mas tão somente de cidade a cidade. Valeu a pena escolher essa nova residência para moradia. Demoramos encontrá-la.

Esta casa - em bairro tranqüilo -é bem iluminada e espaçosa e acolhedora -, era o nosso sonho. Boa vizinhança nos rodeia e sem comércio indesejável perto. Para completar, acredito termos o mais humano e compreensível senhorio de toda nossa vida. Um nonagenário incomparável como pessoa, mesmo solitário - pela metade - como é. Viúvo faz-lhe companhia excelente criatura até as dezessete horas. Nelcy é o seu nome. Mulher no gênero, mas um "anjo caído do céu" para dissociar a viuvez do meu senhorio, Sr. Cizínio, à sua solidão. Espero seja longa a sua vida mais do que tem sido. Assim me sentirei duplamente atendido, e a continuidade ou não de nossa presença neste amado sobrado talvez dependa da boa vontade de terceiros, mas, se depender de nós me morrerá, e Léia também, ali, entre as suas paredes, debruçados sobre as paisagens descobertas e amadas desde 1997.



Morani

http://blogdomorani.blogspot.com/